A mulher negra no cinema brasileiro

mulher negra

Em 1888 a Lei Áurea marcou o fim da escravidão no Brasil, mas podemos ver as sequelas desse grande genocídio étnico até os dias atuais. Nesse sentido a estratificação social e o racismo fazem parte do cenário sociocultural brasileiro.

Sendo assim, até mesmo nas grandes produções cinematográficas o negro tem um papel bem definido e que reafirma a identidade de um povo historicamente apagado e marginalizado. Entretanto, quando nos referimos as mulheres negras a segregação se torna ainda mais evidente. Elas são objetificadas, hipersexualizadas e ocupam normalmente os espaços relacionados ao serviço doméstico. Portanto, nesse artigo vamos expor alguns fatos sobre a realidade cinematográfica brasileira e como ela pode ter um papel crucial na construção da imagem da mulher negra na cultura do Brasil.

A sub-representatividade da mulher negra no cinema

De acordo com uma pesquisa realizada com dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), as mulheres negras são as menos representadas nos papéis de relevância. Nessa pesquisa, a exclusão racial se torna bastante evidente quando apenas 5% dos personagens foram interpretados por mulheres pardas e negras.

Em outras palavras, no ano de 2016 a população branca estimada pelo IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística) foi de 44,2%. Ou seja, inferior a população parda e negra que juntas somam 46,7% da população. Uma realidade bastante diferente das produções cinematográficas brasileiras.

O negro não se sente representado no cinema brasileiro

Em uma rápida pesquisa feita com atores negros, todos responderam que não se sentem representados no cinema. Quantos empresários negros você já viu nos filmes, nas propagandas ou nas produções audiovisuais brasileiras? Quantas mulheres negras representam um papel de protagonismo?

racismo

A sub-representação da mulher negra reafirma ainda mais as consequências de um passado histórico ainda latente na nossa cultura. Por isso, o negro e principalmente a mulher negra não se sentem representados no cinema brasileiro. Em suma, nós vemos os negros sim em alguns papéis, mas em posições de subordinação, de servidão e de estereotipificação sexual.

Como mudar o paradigma do esteriótipo da mulher negra no cinema?

Os movimentos como o Afrofuturismo e outras organizações sociais têm um protagonismo importante no cenário da inclusão e da luta contra o racismo. Entretanto, essas mudanças também precisam ocorrer em todas as esferas da produção audiovisual da indústria cinematográfica brasileira.

desigualdade

Ou seja, é preciso ver essa realidade não só nos papéis de protagonismo de personagens que não representem e reafirmem uma cultura marginal negra. Mas também, dando oportunidades para profissionais negros em posições relevantes na indústria audiovisual, sejam em papéis de direção, roteiro, etc. Dessa maneira, mais produções relevantes que realmente representem um povo historicamente marginalizado surgirão. Só assim será possível mudar essa concepção cultural do negro e especialmente da mulher negra no imaginário da sociedade brasileira.

Você pode gostar